“Ei, você pode fazer o que quiser com ele. Arremessá-lo de um prédio, ok? Incendiá-lo. Atropelá-lo! Certo? Seja criativo! (Rick Dalton)

Pela primeira vez nas telonas, dois ícones do cinema mundial, Brad Pitt (Cliff Booth) e Leonardo DiCaprio (Rick Dalton) contracenam juntos, e ainda por cima sob a direção de ninguém menos que Quentin Tarantino, diretor de filmes como, Pulp Fiction – tempo de vingança (1994), Django livre (2012), Kill Biil (2003), Bastardos inglórios (2009), entre outros. O longa-metragem em questão nos faz refletir sobre a vida e as suas peripécias, aventuras, histórias. O que, na verdade, é real? Fictício? O sonho possui efeito especial?

O papel de um dublê é importante no cinema, para proteger celebridades em suas gravações. Mas quantas pessoas no mundo já não pensaram em ter um dublê ou um clone para poderem estar em diferentes lugares do mundo no mesmo instante? Esse é um ponto importante a ser observado no filme, o diretor quis dar um “print” no sonho, naquilo que só o cinema proporciona (a potencialização do real), daquilo que nem sempre é, mas poderia ser. O meta-filme que fala sobre filme é, por excelência, uma obra-prima, por falar de coisas intrínsecas ao ser humano, e também do estilo de vida escolhido por atores, atrizes, dublês, diretores etc.

Um dos filmes mais esperados de 2019, Era uma vez em Hollywood chamou atenção por seu elenco de peso, pois além dos dois galãs de Hollywood, o longa contou com a atuação da belíssima Margot Robbie e Al Pacino. O filme lembrou o famoso Entrevista com o vampiro (1994), um filme que reuniu Brad Pitt, Tom Cruise, Antonio Banderas e Kirsten Dunst. Geralmente, filmes que reúnem grandes artistas prometem grandes histórias.

O filme foi muito elogiado e já está sendo considerado o segundo maior filme do diretor. Mas também recebeu algumas críticas em relação à cena de luta entre Bruce Lee e Cliff Booth, pois até a filha do lutador chinês não gostou do “comportamento” arrogante do pai retratado no filme. Apesar das polêmicas familiares, o filme consegue ser dramático, e divertido ao mesmo tempo, e principalmente, consegue tocar profundamente um assunto tão humano, que é a falta de reconhecimento, o sentimento de inutilidade.

Era uma vez… seres humanos

O filme ambientado na década de 1960, onde se encontram ainda filmes de faroeste, em meio a uma Hollywood em fase de grandes transformações e inovações, e o estilo hippie está ganhando muitos adeptos. E é nesse cenário, que Rick Dalton, um artista de seriados de TV e seu dublê, Cliff tentam acompanhar as transformações por que passa a capital estadunidense do cinema.

De um lado tem-se Dalton, que só pensa em sucesso profissional, fama, reconhecimento, estar entre as celebridades do momento, e Cliff, dublê eficiente, mas com pouca ambição, preso a sua zona de conforto, vivendo com pouco dinheiro e com um passado meio negro. Esses dois são como uma moeda, com duas faces diferentes, mas com dramas parecidos. Ambos querem sobreviver, trabalhar, e serem reconhecidos. Dalton gosta de Cliff, e a recíproca é verdadeira. Não é só uma relação de trabalho, é uma relação de grandes amigos.

De fato, amizade é assim, servir em todos os momentos, mesmo nos mais difíceis. E assim acontece com astro e dublê. Até mesmo para a Itália o dublê acompanha o astro. Mesmo após Dalton se casar com uma italiana, Cliff ainda sim está lá.

O filme é sobre amizade, pertencimento, memória, reconhecimento… é sobre o “once upon a time” que sempre vem à tona na vida de qualquer ser humano, mesmo que seja sobre uma pequena história, ou sobre uma grande história.

Por Michele Souza

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